domingo, 12 de abril de 2009

O Jantar

"...Fico tão nervosa sempre que te vejo... Nem me consigo lembrar como caminhamos até este jantar. Sorrio e falo incessantemente. É o que faço sempre que estou nervosa. Como é que a fala foge assim ao meu controlo? O que será que eu estou a dizer? Já não consigo parar de balbuciar palavra atrás de palavra. Gostava de saber que ideia tens de mim. Estás a sorrir... o que será que eu estou a dizer? De certeza que estás desconfortável, provavelmente não era esta a noite que estavas à espera. Apercebo-me da má ideia que foi ter escolhido um restaurante à luz das velas. Mas o que será que eu estou a dizer? Penso: "Pára e respira. Pára e respira. Pára e respira." Estou ciente que preciso de me acalmar. Não resulta. Continuas a sorrir... Nunca vi sorriso igual. Só quero acreditar que um dia vou ser o motivo que o faz surgir..."
"...A luz da vela treme enquanto ilumina o teu rosto, parece nervosa por te estar a tocar. Não sonhava ser possível invejar uma vela tremeluzente até este momento. Sorris enquanto falas comigo, não te consigo ouvir. O cheiro do teu cabelo faz-me viajar e o bater do meu coração tornou-se ensurdecedor. Sorris enquanto falas comigo, sinto que devo aproximar-me de ti mas o meu corpo não reage. E a vela caprichosamente continua a tocar-te a passear pelo teu rosto, os teus ombros, o teu colo mas perde-se sempre no teu sorriso. Sorris enquanto falas comigo, sei que sorrio também... Estou preso, preso ao momento mágico que uma vela atrevida resolveu criar em torno de ti. Os teus lábios de cereja contam-me algo que te faz feliz, um dia será de mim que eles vão falar... se eu conseguir parar para te escutar... "


A mãe diz que foi a olhar para uma vela que o pai se apaixonou...

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